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domingo, 5 de outubro de 2014

Lá, onde toda esperança mora e toda dor espera. (Lá não tem arrego)

Lá, não vai ser mais bonito do que já foi aqui.
Lá, não vai ser mais fácil do que já foi aqui.
Lá, não vai ser melhor ou mais caloroso do que tudo que já conheceu.
Lá, ninguém vai ser base tão sólida quanto foram teus pais.
Lá, o dia não será mais claro, o céu não será mais azul e a grama não será mais verde nem terá mais orvalho da manhã.
Os rios serão secos ou sujos, as pessoas frias, o café morno e a cerveja quente.
Mas nada disso importa por que a vida é e ainda será motivo forte suficiente para continuarmos em frente.
Mesmo lá, no futuro...




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Profissão: Ser Humano.


Ou o eterno devir que acende a chama da vida, ou ainda o vir-a-ser que nunca é e nos livra das jaulas da morte em vida.

É a eterna formação que conduz a evolução. Incompletos por natureza, os seres vivem e a sua incompletude é o que mantém o fluxo vital em funcionamento, bombeando o néctar que nutre a chama acesa no peito de quem vive.
Cada veia que se espalha e ramifica por entre a existência e o mundo do ser humano leva consigo o dever de se mostrar inacabada, de pulsar a necessidade de algo a mais.
Dentro desse mundo louco e sistematizado, onde sempre se pretende acabar algo, o mais inacabado é o próprio ser humano que leva junto de si a vantagem da multiplicidade, da capacidade de ser livre, ser coletivo e individual ao mesmo tempo, de ter a liberdade de ir ou de ficar.
A formação profissional, a educação... Tudo não passa de um eterno ir e vir, algo sem fim que nasce e morre a cada segundo. Seus únicos empecilhos são as oficializações, os espaços de rigidez que estancam o fluxo vital e perdem a conexão lentamente com o mundo que os cerca.
O concreto, o cimento e a pedra desconectam nossos pés do verde, da terra e da água. Escolas, igrejas, universidades, salas fixas e suas metodologias e doutrinas inertes desconectam nosso saber da realidade. A carteira de trabalho e o diploma nos enganam dizendo que temos apenas uma função, a nossa profissão, quando na verdade temos a função de viver e atuar em tudo que nossas veias tiverem a força pra fazer pulsar sangue e energia.
Não serei profissional em nenhuma área específica, não me limitarei a nenhuma função, não serei técnico em nada. Serei especialista em vida e tão amplo quanto o ser humano pode ser!
Só assim serei livre e completo, só através do constante trabalho, do constante movimento e da eterna celebração à vida que ocorre em cada respiro que atua no mundo é que poderei alcançar o Paraíso prometido. E ele está bem aqui, no agora e no terreno, só preciso abraçá-lo.
É necessário escolher conscientemente: Ou me desconecto e me engesso, me prendo em jaulas imaginárias como o dinheiro e o luxo, ou sustento minha existência por minhas próprias mãos e aí então tudo que estiver no mundo será ferramenta para a manutenção de mim mesmo.

Hoje percebi que estou num grande processo de formação para a morte, me preparo para deixar de existir. Viver para morrer e não morrer para viver. Pois no fim do Eu, existirá ainda o eterno fluxo do Nós.

Assim me declaro como Ser Humano por profissão, por lazer e em todas as possibilidades!

Pelotas, 15 de dezembro de 2012

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Allan Luis Correia Leite.

sábado, 6 de outubro de 2012

Educação Social mantém o sistema.


Vou dar-me a liberdade de não formular muito mais que alguns parágrafos para discorrer sobre o texto de Marlene Ribeiro – EXCLUSÃO E EDUCAÇÃO SOCIAL: CONCEITO EM SUPERFÍCIE E FUNDO, pelo simples fato de ela invocar logo no início o conceito de “verdade e poder” de Focault, no qual resume para mim toda a resposta para as outras questões.  Resumo a resposta nesse conceito, pois se quem está no poder determina quais as verdades válidas, é também quem está no poder que decide como vai ser a educação formal de cada indivíduo da sociedade e se utiliza dessa possibilidade para fazer a manutenção do sistema inteiro.
O conceito de exclusão abordado no texto é limitado, pois está completamente inserido dentro deste sistema. Ninguém está excluído de tudo, apenas excluído daquilo que é conveniente para a classe que está no poder. A classe dominante a quem me refiro é a dona do Capital, e para o Capital é conveniente que se estabeleça uma tensão entre o social e o capital. Mantendo este modo de visão maniqueísta, o Capital pode – mesmo endemonizado – desviar a atenção para problemas de fachada, exatamente como faz na educação.
O Capital cria as vítimas do capital, as exclui e as transforma em uma espécie diferenciada sobre a Terra e depois cria campanhas para “salvá-las”, do mesmo jeito que o Greenpeace faz com as baleias e os golfinhos.
O problema de se tratar as vítimas do capital como se tratam os golfinhos, é que se não fosse o próprio sistema, eles não seriam outra espécie, mas seriam iguais aos que estão no poder.
Mas como é possível então criar essas vítimas e ainda convencer todo mundo de que está se tentando resolver um problema que não é problema de verdade para o sistema?  Pela educação.
Criou-se a educação inclusiva e a educação social ao mesmo tempo que se criou a educação profissionalizante, a educação regular... E vai-se criando novos termos e cada vez mais separando quem deve ter acesso a qual tipo de conhecimento.
Mantendo a atenção sobre a educação regular e a educação social, percebemos que a primeira é formulada para que seus egressos sejam pessoas capazes, auto-suficientes e mercadológicas, pessoas que precisam vencer na vida, treinados para serem individualistas e bons profissionais, competitivos burgueses da época atual. Já a segunda, é formulada para fornecer uma educação humana, uma educação que faça com que seus educandos sejam capazes de pensar no próximo, ter empatia, discernir aquilo que pode prejudicar alguém daquilo que não pode. O conteúdo disciplinar, nesta vertente, fica em segundo plano, causando grande defasagem em comparação com o primeiro modo de se educar. Porém o primeiro modo também deixa suas crias com um déficit imenso quando se pensa além do mercado.
Fazendo essa comparação, fica visível o porquê educação social não é inclusiva, ela separa o joio do trigo. Amansa as pessoas de risco, mas não as coloca no mercado de forma efetiva e mantém o sistema equilibrado. E a educação regular no entanto, serve da mesma maneira para essa manutenção já que cega os profissionais liberais em formação para questões sociais e os desestimula a reverter o quadro.
Inclusiva e social, seria uma educação que fosse unificada, tentando incluir as pessoas no mercado ao mesmo tempo que pensa as questões humanas, e que não fosse direcionada a apenas uma classe da sociedade, mas que fosse padrão a todos.

Novo jogo, novas regras.


Um fenômeno só passa a existir depois que ele é descoberto e nomeado. Com essa afirmação inicio dois questionamentos: Primeiramente, se um fenômeno só existe após ser descoberto, então seus efeitos também teriam que ser considerados inexistentes? É possível dizer que o fenômeno já existe e está oculto, já que seus efeitos ocorrem mesmo sem a tomada de conhecimento de qualquer pessoa sobre ele. A descoberta de algo pode criar um fenômeno diferenciado ou ele já existe e nós que não lhe damos oportunidade de acontecer? A probabilidade da primeira opção ser a correta é maior, se o enfoque for o mesmo da afirmação que abre este texto.

Na Escola contemporânea foi constatado que o aluno que a frequenta não é o mesmo tipo de aluno que frequentava a Escola de alguns anos atrás, entre as décadas de 30 e 70. Mas o que mudou esse aluno? Foram só os perfis sociais, as demandas emotivas e intelectuais e a tecnologia que criou novas formas de linguagem, tudo isso ocasionando uma dissonância com a linguagem arcaica da instituição? Houve mais que isso, houve a criação de uma nova relação entre os que ensinam e aqueles que aprendem: a reformulação das relações de poder.

Essa reestruturação se deu após a inserção de uma nova informação no cotidiano - através de todas as mídias e veículos capazes de transmitir informações (música, TV, rádio, imprensa escrita, etc.) - que alterou inclusive a moral que conduz o senso de justiça. Ao se criar valores como a liberdade, a integridade física e psicológica, a intimidade, entre outros que regem nossos julgamentos de certo e errado, se tirou a legitimidade da punição e da vigilância utilizadas para disciplinar aqueles que não são julgados culpados de nenhum crime, os alunos. Com a desconstrução dessa prática como algo necessário e benéfico, criou-se então um novo fenômeno, a liberdade do aluno, que fica exposto na frase “Hey teacher, leave our kids alone” na música Another brick in the wall da banda de rock Pink Floyd.

O aluno agora sabe que pode insurgir contra a relação de poder pré-estabelecida que a Escola detém para disciplinarizá-lo e o faz de forma inconsciente, inclusive. Com essa alteração dos valores e esta informação correndo livremente no pensamento coletivo, as identidades dos sujeitos que habitam a época contemporânea, principalmente aqueles que nasceram após essa modificação, se constituem de forma a não aceitar regras diferenciadas àquelas que regem as relações de poder correntes. Salvo variações de níveis decorrentes das histórias e vivências particulares de cada aluno, esse fenômeno aparece intrínseco desde o ensino infantil.

Resta então observar e descobrir, nesse novo cenário, como se disciplinariza o aluno para que ele seja capaz de produzir e assimilar os conteúdos que a escola tenta disponibilizar, sem entrar na contramão do fluxo de acordos subliminares que estão tecendo as novas relações educacionais. E agora que a punição não é mais tão efetiva e a vigilância se transforma em uma força repressora de sujeitos que almejam a liberdade prometida, o desafio de ensinar e educar pede novas táticas que estão sendo estabelecidas. Mas para isso a Escola necessita admitir que precisa mudar e que não é apenas do quadro negro para a tela do computador, mas das paredes lisas e de cores frias para estruturas físicas e interpessoais que possibilitem uma autonomia direcionada desse aluno que possui voz ativa no próprio desenvolvimento e que foge do menor sinal de prisão e repressão.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sobre a morte e a vida

Tenho pensado e sentido que quanto mais se aceita a morte, mais se sente a vida.

domingo, 8 de abril de 2012

Só mais um segredo de viver, com tantos sentimentos pra esconder.

A tantos sóis e luas aprendi,
Também a duras dores e custas reforcei...
Que sentimentos assim não servem
Só para atrapalhar e fazer pirar.
Expectativas, companheiras intrinsecas da decepção,
A tanto tempo com vocês eu rompi
Que não é agora que vou aceitar seu buquê
De rosas floridas, vermelhas e cinzas.
Antes era eu que as perseguia, hoje não mais tenho vontade
Sò quero ser amigo sem esperar,
Presentear e amar sem nada querer.
Essa chateação que me consome, que vire sonho
Que suma nas nuvens junto com o ego
Mas que se fodam todos aqueles que odeio.

domingo, 13 de novembro de 2011

Encruzilhada

Do que adianta continuar em um caminho
Se adoeceu a disposição
E morreu aquele sorriso
Que eu tinha pra mostrar

Só quero continuar
Se ainda houver a esperança
De quando eu chegar lá
Que vai valer a pena

A Força de vontade de um leão. O olhar cansado de ancião.